Em Santo Aleixo, segundo distrito do município de Magé, no estado do Rio de Janeiro, um grupo de apaixonados por corrida decidiu transformar o hábito de calçar os tênis em algo muito maior: uma rede de saúde, amizade e pertencimento. Assim nasceu o projeto Passos Verdes, que convida moradores de todas as idades a redescobrirem o prazer do movimento em grupo pelas ruas e trilhas do bairro, carinhosamente apelidado de “Paraíso Verde”, que foi a origem do nome.
O Passos Verdes nasceu da vontade de criar uma comunidade ativa, acolhedora e conectada através da prática esportiva. Com encontros regulares, o grupo realiza treinos abertos, eventos especiais e explorações por novos percursos tanto em vias urbanas quanto em trilhas e paisagens naturais da região. O projeto é inclusivo e acolhe tanto iniciantes quanto corredores mais experientes, promovendo o incentivo à atividade física em conjunto com o fortalecimento dos laços sociais.
A ideia surgiu do desejo de Guilherme Nascimento, idealizador do projeto, que percebeu uma falta de conexão entre as pessoas que corriam pelo bairro. Correr sozinho era a rotina, e até o cumprimento entre corredores era raro. Com o incentivo de amigos, entre eles Stefany Magalhães, Theo Gouveia e Thiago Souza, Guilherme lançou o primeiro treino em março na praça central de Santo Aleixo. A expectativa era pequena, mas a adesão foi surpreendente: o número de participantes saltou de uma previsão de dez para cinquenta pessoas. Desde então, o grupo só cresceu.
No início, o projeto enfrentou desafios simples, mas significativos. O primeiro treino não tinha nem água ou frutas para os corredores, algo que logo foi percebido e passou a ser prioridade. Com o apoio de estabelecimentos locais, o Passos Verdes hoje conta com cerca de 20 parceiros que garantem frutas, água e o lanche pós-treino para os participantes. Essa rede de solidariedade também se estende a ações sociais. Uma das iniciativas que o grupo abraçou foi a realização de inscrições solidárias, em que os participantes doam alimentos em troca da participação em sorteios, e os donativos são direcionados a instituições como a Pestalozzi de Magé e o Lar São Vicente de Paula. Essas ações reforçam o compromisso do projeto com o bem-estar da comunidade em vários aspectos.
O Passos Verdes também é um espaço onde o impacto vai além do corpo. Segundo Guilherme, várias pessoas que sofriam de depressão profunda encontraram na corrida em grupo uma forma de cura e apoio emocional. “Recebemos muitos feedbacks positivos. Pessoas contam que o projeto ajudou a melhorar sua saúde mental, algo que nos enche de orgulho e responsabilidade”, explica. Esse acolhimento é reforçado por um grupo ativo no WhatsApp que já ultrapassa 400 membros, incluindo corredores de outras regiões, como Caxias e Fragoso, que passam a frequentar os eventos em Santo Aleixo.
A diversidade do público também chama atenção. O Passos Verdes é composto por corredores profissionais, amadores e muitos iniciantes que, mesmo sem experiência, são encorajados a participar. O lema do grupo é claro: ninguém fica para trás. Percursos adaptados permitem que todos possam correr ou caminhar juntos, criando um ambiente acolhedor e motivador.
Para o futuro, o projeto planeja crescer ainda mais. Além dos treinos mensais, há a intenção de organizar eventos com palestras, atividades físicas complementares como aulas de jump e ações de conscientização ligadas a causas sociais, como campanhas do Outubro Rosa. A ideia de criar uma assessoria esportiva para ensinar técnicas de corrida também está em pauta, ampliando a atuação do Passos Verdes para além dos encontros tradicionais.
A organização mantém o compromisso de manter as atividades gratuitas, sempre contando com o apoio de parceiros e da comunidade. O formato de inscrições solidárias deve continuar, fortalecendo a ligação do esporte com a solidariedade local. Para quem quiser participar, basta acessar o Instagram do Passos Verdes, onde são divulgadas informações e links para grupos no WhatsApp e Strava.
Em tempos de tanto isolamento, o Passos Verdes mostra que dar um passo adiante, seja na corrida ou na vida, pode ser a forma mais bonita de se aproximar do outro.
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